sábado, 12 de novembro de 2011

Tipos de Refletores




"No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra porém estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus: haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde a manhã, o primeiro dia."



E da escuridão fez-se a luz.


"Frases do Aurélio: só existe luz quando nós temos a sombra". Estou fazendo a Oficina de Iluminação Cênica com nosso amado mestre, Aurélio de Simoni. Desde quando fui estagiária com ele, ele sempre foi cheio de ensinamentos e frases iluminadas. As chamadas "frases do Aurélio", ele diz, revelam a forma como ele vê o teatro, ou ao menos o que o faz prazeroso de ali estar, ou seja, não apenas a executando sua função. Outra de suas frases: "Quanto maior o conhecimento técnico, mais asas à sua criação". Como estou a anotar todas as aulas da oficina, vou dividir aqui alguns dos conhecimentos que estou apreendendo.



Para começar, o básico do trabalho do iluminador, conhecer os tipos de refletores e suas especificidades.



Aurélio mostrou nas Dicas de Iluminação, de Valmir Perez (UNICAMP), os tipos de refletores mais utilizados no Brasil:



PC (plano-convexo)



Sua lente é no lado de dentro plana e no lado de fora convexa. Ele é bipino. Tem os Bandós, que no inglês se chamam Barn doors, que se abrem e se fecham para determinar a área de atuação da luz emitida.



Para luz geral, se manifesta numa luz mais equalizada. Já para os banhos, a equalização é menor.



Emite uma luz dura, se sem difusor, e uma luz soft quando com difusor.



Usando como filtro o Silk, se as estrias são verticais, a luz é difundida na horizontal e se elas são horizontais, a luz se difunde na vertical.



Existem luzes de até 40W, cujo filamento de tungstênio fica no vácuo e lâmpadas de até 40W em cujo bulbo há argônio. Mas a luz de maior intensidade é a Halógena, em cujo bulbo, de quartzo, há gás halogênio.


A luz do PC é mais definida, a área de atuação fica bem delimitada, mas não tanto quanto a luz do Elipso.



Se a lâmpada for de 500W, a carcaça é de porte menor. Se for de 1000w, o chassi é maior.



Se a lâmpada se colocar mais próxima da superfície refletora, a área de atuação do foco será maior. Conforme a luz vai se aproximando da lente, a abertura do foco vai se fechando e ganhando mais intensidade (maior concentração)



Possui a alça de sustentação e o caixilho (o porta-gelatina)



Fresnell



O Fresnell assim se chama pois sua lente foi inventada por Augustin Fresnell.


Possui o mesmo chassi do PC, também com bandós para recorta a luz, porém sua lente é plana e possui círculos concêntricos, os círculos eliquodais.



Sua luz é intensa no centro e conforme vai ganhando abertura vai diminuindo num degradê. Não é definível onde a luz acaba. É uma luz mais suave, mais difusa.



Scoop



Muito utilizado na fotografia, é uma parábola refletora que difunde a luz em quase 180º, sendo uma luz bastante dispersa.



PAR



Parabolic Aluminized Reflector de diâmetros 64, 56 (Loco light – utilizada em locomotivas), 38 (o Pin Bean que emite um facho cilíndrico) ou 20, cada um com seu ângulo de espelhamento.



Seu foco é ovalado (exceto a pino) e muito brilhante.



Não abre nem fecha foco. Seu recurso são as diferentes lentes:



FOCO 1 (VNSP – Very Nerrow Spot) emite o foco mais fechado. A lente é lisa e transparente.
FOCO 2 (NSP – Nerrow Spot) difunde um pouco mais a luz. Sua lente é fosca.
FOCO 5 (MFL – Medium Fluid Light) difunde mais a luz. Sua lente possui estrias, raias.
FOCO 6 (WFL – Wide fluid Light) difunde mais ainda a luz. Sua lente possui mais estrias, raias.



Conforme se ganha no aumento do diâmetro de alcance, se perde em definição do foco.


Exemplo de Lâmpada PAR é o Sealed Bin, o farol do fusca. A lâmpada PAR surgiu, tal qual como conhecemos hoje, em 1956. É o principio do farol de carro: uma unidade é composta por uma lâmpada, o espelhamento e a lente e se ela queima, todo esse conjunto deve ser jogado fora.


Há 20 anos, o preço de uma lâmpada PAR era muito elevado, e sua vida útil era da apenas 400 horas (metade do que é hoje) e caso ela queimasse, trocava-se apenas a lâmpada de quartzo por uma nacional muito maior, e em consequência, haja visto que a eficiência do conjunto é proporcional à pontualidade da fonte luminosa rumo ao ponto foco da parabólica, sua eficiência caía 60%. A esta, dava-se o nome de lâmpada ÍMPAR, que demonstra ignorância a respeito da origem e do funcionamento da lâmpada PAR, nome entendido por muitos pelo fato de elas se ligarem de duas em duas, 120v + 120v, ao passo que a ímpar era ligada individualmente em 240v.



Elipsoidal



A curvatura geométrica do espelhamento (área de reflexão) é uma elipse. Tem uma (o liquoidal) ou duas lentes que se movem para abrir ou fechar o foco. A luz é desenhada antes das lentes, através dos obturadores de luz que são as palhetas de corte - as facas, a íris (diafragma) e os gobos (máscaras de efeito) que ficam antes do tubo da lente. A imagem produzida é invertida, de forma que para se cortar a luz do lado direito da luz, fecha-se a faca da esquerda, e vice-verso, e para se cortar a luz em cima do foco, fecha-se a faca de baixo.



A lâmpada do elipsoidal é dicróica, ou seja, seu espelhamento é multifacetado.



Existem ETCs de 05 a 90 graus (ETC – Eletronic Theater Control – empresa americana X Telém –empresa brasileira). Quanto menor a abrangência maior a intensidade (concentração).


Ele pode substituir o PC e o Fresnell, desfocando um pouco para substituir o primeiro e desfocando mais para substituir o segundo.


Moving Light


Inicialmente, Moving Mirrow, o refletor emitia uma luz parada em direção a um espelho que se movia, e assim, refletia uma luz em movimento, de acordo com a lei da física de que o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.



Sua lâmpada é de disparo, logo, fica acesa o tempo todo e sua entrada e saída é determinada pelo diafragma que se abre e se fecha.



Depois vieram os Moving Heads, que emitiam dois tipos de luz em movimento: o Spot (através da lente PC) e o wash (através da lente Fresnell)



Ciclorama / Soft light / Set light



Os três são refletores para se iluminar o ciclorama. O Soft e o Set light são refletores sem lente e a luz é bastante abrangente e assimétrica para banhos de luz.


Um pequeno refletor, chamado Wall-Washer, iluminava os fundo cenográficos da TV. Com a única função de iluminar sets, recebeu o nome Set Light, e pode ser encontrado nos tamanhos pequeno, médio e grande.


Mini-brut



Lâmpadas PXE usadas para iluminar a platéia.




Canhão (Follow Spot/ seguidor)


Pressupõe um tripé e um operador. Sua lâmpada é de disparo, de forma que já deve estar acesa antes de se abrir a íris para se abrir o foco. Ele tem duas lentes, duas facas (palhetas de corte).


O Canhão seguidor tem características parecidas com a dos Elipsos, porém tem ótica mais sofisticada e corpo mais robusto, chegando a pesar 45kg.



LED (Diodo Emissor de Luz)


Não é da realidade teatral brasileira ainda, pelo alto preço. Ela não tem filamento e sua vantagem está na redução de consumo e baixa emissão de calor. Ela tem as três cores-luzes primárias, Red, Green e Blue (RGB) a partir das quais muda a cor de sua luz. Porém, a temperatura-cor de seu branco não é como a de uma luz de filamento, e ela ainda não é dimerizável e não é possível uma mudança lenta de uma cor para outra.

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